Democracia

Na disputa pela atenção de um público crescentemente desconfiado da mídia mainstream e saturado por um tsunami de informações, conteúdos diferenciados passaram a ganhar a competição por visualizações e cliques. E a vantagem nessa corrida ficou com quem disparou primeiro: influenciadores direitistas que mobilizam recorrentemente a política do choque.

Em 2016, o Oxford Dictionaries, departamento da Universidade de Oxford que publica dicionários, escolheu a palavra pós-verdade como a palavra do ano. E a definiu: "Circunstâncias em que os fatos objetivos são menos influentes em formar a opinião pública do que os apelos à emoção e à crença pessoal".

A violência política de gênero encontrou terreno fértil nas redes sociais. Têm crescido os discursos misóginos e virulentos contra parlamentares femininas e/ou candidatas. O artigo reflete como a violência política é um método utilizado por aqueles que se sentem ameaçados pela ascenção das mulheres e suas escolhas eleitorais. A violência política é feita para atingir aquelas que ousam enfrentar as normas dominantes e a ideia de que o poder deve ser exercido apenas pelos homens.

Depois de 2018, poucos analistas seguiram perguntando quando seria a primeira “eleição da internet” no Brasil. Durante duas décadas de internet comercial no país essa era sempre uma pergunta feita na véspera dos pleitos, especialmente após as campanhas digitais de Barack Obama, nos Estados Unidos, na década de 2000.

O tráfego de dados na internet em 2020 alcançou três zetabytes, o que equivale a 325 milhões de lares assistindo vídeos na Netflix simultaneamente durante todo o ano. Mas a operação dos algoritmos das plataformas é invisível para quem as utiliza. Talvez isso não seja considerado um problema nas relações comerciais, mas a opacidade e a ofuscação são inaceitáveis para a democracia porque os sistemas algorítmicos podem influenciar a simetria da distribuição de mensagens entre as forças que disputam os rumos políticos das sociedades.